Recuperação lenta e incerteza devem marcar 2017, aponta economista

Recuperação lenta e incerteza devem marcar 2017, aponta economista

A incerteza e o crescimento lento devem marcar o ano corrente. A análise foi apresentada ontem, dia 18, pela economista Patrícia Palermo em evento realizado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) em parceria com a Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) e Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB). O Análise de Cenários, que reuniu centenas de empresários, aconteceu no Locanda Hotel, em Novo Hamburgo/RS.

Na oportunidade, a economista ressaltou que incertezas, especialmente quanto à nova configuração do comércio internacional dado o avanço das ideias protecionistas nas principais economias mundiais, serão a tônica de 2017. Citando o exemplo do presidente norte-americano, Donald Trump, ela destacou que, como o dirigente pretende ativar uma economia de pleno emprego, muito provavelmente irá gerar inflação, o que abrirá espaço para a elevação dos juros nos Estados Unidos, causando fuga de capitais investidos em países emergentes. “Isso terá impacto no câmbio, que deverá fechar o ano na faixa de R$ 3,35”, projetou, acrescentando que, no entanto, existe uma diversidade de opiniões de economistas, alguns projetando que, inclusive, a cotação deve ser inferior a de hoje, fechando na casa de R$ 3.

Mercado interno
Já no âmbito doméstico, apesar da retomada gradual da demanda, ocasionada pela maior confiança de trabalhadores e empresários e pela injeção de dinheiro na economia – liberação das contas inativas do FGTS, a “caixa de Pandora da Lava Jato” pode provocar alguns efeitos indesejados na economia brasileira. “A Lava Jato é uma operação boa, que vai trazer uma nova relação entre agentes privados e poder público, porém causa instabilidade no meio político no curto prazo, o que pode atrasar reformas importantes que dariam maior segurança para investidores”, comentou.

Desinflação
Outro ponto que deve marcar 2017 é a aceleração do processo de desinflação, ainda um reflexo da queda brusca no consumo dos últimos dois anos.  A economista ilustrou que, além da queda no IPCA, hoje na casa de 4,5%, existe um menor índice de difusão dos aumentos dos preços, hoje em 55,7% – era de 69,4% o mesmo é período do ano passado. Segundo ela, o fato vai provocar reajustes reais para os trabalhadores, o que injetará mais dinheiro na economia e, consequentemente, aumentará o consumo e o desempenho do varejo. “A expectativa para 2017 é encerrar com 4% de IPCA, número que deve se manter estável em 2018. O fato abrirá espaço para a aceleração da redução dos juros, o que deve ajudar na recuperação econômica”, projetou, acrescentando que, no entanto, o momento exige reformas que coordenem melhor a política fiscal e lancem bases para um crescimento sustentável.

Reformas 
Entre as reformas mais urgentes, Patrícia citou a da Previdência, a Trabalhista e a Tributária, que, se realizadas, formarão a base para um crescimento sustentável a médio prazo. Por outro lado, ela ressaltou que as reformas que podem ser abaladas pelo receio dos políticos em meio à instabilidade generalizada.

Empresas
Patrícia listou, ainda, algumas dicas para as empresas neste momento econômico e político conturbado e de oportunidades. Para a especialista, é preciso investir na qualificação de produto e atendimento, especialmente com estratégicas diferenciadas, equipes bem treinadas que possam mudar a experiência dos consumidores. “É preciso  quebrar paradigmas, estar em sintonia com o mercado consumidor”, pontuou. Segundo a economista, muitos empresários colocam a culpa das quedas nas vendas na crise, o que nem sempre é a realidade.

Citando exemplos pessoais, ela destacou a importância do investimento na qualificação das equipes e nas tecnologias digitais. “Até 2030, 47,5% do mercado consumidor terá entre 15 e 30 anos, será todo ele conectado. Hoje esse mercado é de 23%. É preciso estar em sintonia com esse público”, concluiu.

O evento Análise de Cenários é realizado duas vezes por ano, com o apoio da Associação Brasileira das Indústrias de Artefatos de Couro e Artigos de Viagem (Abiacav), Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos para os Setores do Couro, Calçados e Afins (Abrameq) e Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefato (IBTeC).

Fonte: http://www.abicalcados.com.br/noticia/recuperacao-lenta-e-incerteza-devem-marcar-2017-aponta-economista/